Tenho pensado muito sobre isso nos últimos tempos. Eu acho que o grande desafio começa quando a gente inicia o caminho de descoberta do que realmente somos.
Nunca é fácil.
Nunca é leve.
Mas já aprendi que faz parte.
A gente passa tanto tempo tentando ser quem a gente acredita que deve ser, quem nossos pais gostariam que fôssemos, tentando um encaixe social tão inadequado para nós, que de repente o tempo passa e a gente se dá conta de que não fez essa observação, que não se teve em conta. Não teve em conta o que vai cá dentro. E isso é sistêmico. Faz parte da engrenagem social você ser assim. É um ato de bravura e muita coragem quem sai dessa rota ainda bem jovem.
E atenção! Eu não vejo nenhum problema em ser aquilo que meus pais gostariam que eu fosse, contanto que isso me faça feliz, contanto que isso me preencha, que vá ao encontro do que toca fundo no meu coração. Eu até fiz isso. Quando todas as direções apontavam para que eu fosse dentista, de repente eu resolvi ser artista. E nunca me arrependi.
Mas a nossa memória é fraca e a gente se esquece do quanto foi brava e corajosa!
No entanto, o mundo de repente tirou a gente do lugar, balançou as nossas estruturas, todas. E isso é muito dolorido, por muitas razões. Não só pela sensação de insegurança que bateu à porta, entrou, e veio pra ficar, mas também pela consciência de que é preciso refletir sobre aquilo que a gente está fazendo da nossa vida.
Tem muita gente sentindo uma urgência em ser feliz. Porque de fato, a vida passa rápido e de repente já não estamos mais aqui.
Muitos de nós perdeu aquilo que tinha como seguro. Mas a pergunta é: o que realmente é seguro? Se a gente acredita que tudo, absolutamente tudo na vida é efêmero, a segurança também é. Então porque fomos tolas e tolos em acreditar que havia algo de certo e definitivo?
Impermanência…. que palavra tão maravilhosamente assustadora.
Viver a vida um dia de cada vez, balançando ao ritmo do vento, sempre foi um desafio pra mim. Na verdade eu nunca consegui entender uma vida que não tivesse uma certa dose de planejamento. Aquela dose que permite o inesperado, que acontece com liberdade, que não pressiona. Mas que tem os pés firmes no chão.
E de repente tudo isso fica colocado em causa. A vida nos pressiona contra a parede e nos obriga a olhar pra dentro. Cai sobre a cabeça numa velocidade incontrolável como uma pedra que vem do céu com a frase de George Eliot que diz “nunca é tarde para ser o que você foi feito para ser”.
Como isso é forte e necessário!
É urgente que a gente consiga fazer esse exercício audacioso de ser feliz.
Se você chegou até esse ponto do texto é porque de alguma maneira o que eu escrevi fez sentido pra você. Então, termino deixando uma sugestão: fecha os olhos e faz silêncio. Todos os dias um pouco. Não na tentativa de virar uma monja ou um grande meditador. Esquece a pressão social para ser feliz e aceita os dias em que o silêncio será mais perturbador, quando mais valerá fazer uma corrida e transpirar muito, mas acolhe com alegria os dias em que o silêncio vai te dar respostas. Porque ele dá…
Eu realmente não vejo nenhuma outra saída pra nós que não seja o silêncio. É nele que eu conto encontrar aquilo que verdadeiramente importa.
Boa sorte pra você também!
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