Durante o mês de julho e parte de agosto de 2023, criei uma série de 21 episódios em que partilho ideias sobre organização compassiva, planejamento de vida alinhada e criatividade, a partir de fatos reais e da forma como eu vivo tudo isso.
Com acertos e frustrações.
Este é o texto do dia 3.
Hoje é o dia 3 de 21 dias ao longo dos quais vou partilhar com você ideias importantes na criação de uma vida alinhada e organizada.
Lembrando sempre que quem vos escreve é um ser imperfeito mas com muitos anos de estudo e dedicação ao assunto. 😉
Quero propor uma reflexão sobre trabalho, nossa relação com ele e com o espaço da vida que sobra para além do trabalho.
Eu faço o que eu faço primeiro porque preciso. Para manter a vida que eu escolho ter. Para me dar conforto. E depois porque eu gosto. Assim resumidamente.
Mas isso não quer dizer que eu só faço o que gosto ou que gosto de tudo o que faço. Na vida adulta dificilmente dá pra viver assim. Também procuro não depositar nas coisas que eu faço profissionalmente, a responsabilidade pela minha plena felicidade.
Primeiro porque esse conceito de plena felicidade não existe. E quanto mais cedo nos dermos conta disso, melhor. Sabe aquela frustração que a gente sente quando em criança não podemos brincar à hora que queremos? Pois bem, é importante viver essa frustração.
E depois porque o trabalho é e tem que ser apenas uma parte da minha vida. Imagina uma laranja cortada em várias fatias. O trabalho é uma fatia. Pra completar a laranja, precisamos das outras fatias.
Esperar que o trabalho nos dê senso de propósito, de pertencimento ou significado é meio caminho andado para um burnout.
“A internet colou o trabalho ao nosso corpo, 24 horas por dia. A sensação é de que não temos tempo a perder. Que temos que ocupar todos os espaços senão alguém tomará o nosso lugar.Estamos exaustas(os)!”
(Inspirado em “O Trabalho que a gente quer”, do Projeto Contente).
A nossa cultura reforça uma ideia do estar em constante FAZER. É muito valorizada aquela pessoa que está constantemente cansada, na correria, sem tempo pra nada. Dizem sobre essas pessoas: “Fulana é muito trabalhadora.” Quem abranda para descansar é preguiçoso, não se esforça o suficiente e por isso tem poucas chances de vencer na vida. Fora aquela ideia com a qual muitas e muitos de nós crescemos de que tudo que tem valor na vida vem com esforço. Que tem um sabor diferente quando é fruto de uma batalha! Você já deve ter ouvido isso, não é?
E aqui quero fazer uma referência a um livro que indico vivamente a leitura chamado “Sem Esforço — Torne mais fácil fazer o que é mais importante” de Greg Mckeown, o mesmo autor de “Essencialismo — Aprenda a fazer menos, mas melhor”. Uma leitura puxa a outra.
Em “Sem Esforço”, Mckeown nos provoca a pensar nas nossas escolhas com a seguinte pergunta: “_O que poderia acontecer na sua vida se as coisas fáceis, mas sem sentido, se tornassem mais difíceis e as coisas essenciais se tornassem mais fáceis_? E o exemplo que ele dá é imagina se os projetos essenciais que temos estado a adiar se tornassem agradáveis enquanto as distrações sem sentido perdessem por completo a sua capacidade de atração. Já imaginou algo assim. Mudaria tudo!
Vou te pedir pra fazer uma pausa aqui neste ponto do texto, e pensar sobre como a pergunta do Greg Mckeown lhe toca por aí.
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Continuando e caminhando para um fecho, o objetivo do tema que eu trago hoje pra você, é fazermos uma reflexão sobre as escolhas que a gente está fazendo e como isso está afetando a nossa saúde mental, o nosso sentido de propósito e o foco que estamos dando ao que realmente importa para a criação de uma vida mais leve e tranquila.
Tudo isso faz parte de um projeto de vida organizada.
Acredita que mesmo com todas as camadas mais densas da vida, é possível ter uma existência que não esteja atolada no caos, no cansaço e na falta de significado.
Mas a gente precisa fazer a nossa lição de casa. Aprender a se organizar de forma compassiva, conosco e com todos à nossa volta.
Muito obrigada por ter chegado até aqui.
Até o próximo episódio.
💜