O assunto da finitude é algo que me acompanha há anos.
Sou libriana com ascendente em Touro e dizem que taurinos (uma parte da minha personalidade) tem dificuldade em encerrar coisas na vida. Que me desculpem desde já todas as pessoas que realmente tem sabedoria neste assunto da Astrologia se eu estiver cometendo algum engano com o que escrevo agora que é fruto da minha mais profunda ignorância no assunto.
Mas uma coisa é certa: eu sinto que tenho dificuldade em encerrar coisas. E olhar para a morte, para o fim de forma amorosa e auto compassiva, tem sido a maneira através da qual procuro perceber e aceitar o fim. E não me refiro só ao fim pela morte física do corpo, mas o fim das relações de trabalho, dos projetos, das amizades, dos amores…
E o fim não precisa significar necessariamente um rompimento eterno com a situação ou a pessoa com quem você partilhava algo da sua vida. O fim pode significar também transformação. Algo que muda de estado, que é revisto. Em todo caso, será sempre uma morte do antigo, daquilo que já não serve, que não trabalha mais para nós.
…
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E de repente me veio à mente uma canção linda de uma banda chamada “Beautiful Chorus” cujo refrão diz assim:
“ I release all things
that no longer work for me.
I release all things
that no longer serve me…”
Bonito, não é? Faz a gente no mínimo pensar no tanto de coisa que temos vindo a acumular na nossa mente, no nosso corpo e coração.
Mas continuando o assunto…
Como professora de Fotografia há quase 20 anos, tento provocar as minhas alunas e alunos a de certa forma romperem com ideias, imagens, conceitos que carregam sem nem mesmo se darem conta disso quando fotografam. Esquecerem por um instante as primeiras imagens que lhes vem à cabeça sobre o assunto ou situação que vão fotografar e terem um olhar novo, fresco para a fotografia. Isso incide sobre as ideias e sobre os pontos de vista também. Olhar para um objeto de cabeça pra baixo, colocar a câmera fotográfica no chão ou posicionar a câmera além da cabeça sem ver o que está sendo registrado. Estas são só algumas maneiras de se ver de forma diferente o mundo e as ideias.
E agora você pode estar se perguntando o que isso tem a ver com a morte e até com o amor, que segundo o título que dei para este texto está entre a vida e a morte. Ou não, você percebeu o meu convite e embarcou comigo nesta viagem da minha cabeça.
Mas eu respondo mesmo assim: tem tudo a ver.
Só existe uma maneira de se viver com plenitude, aceitando e lutando por tudo o que vai acontecendo entre a nossa vida e a nossa morte. E esse caminho é através do amor.
Não aquele amor lamechas e dependente. Romântico.
Mas o Amor com letra maiúscula.
Aquele que nos fortalece. Aquele que nos faz entender a hora de pausar e a hora de acelerar.
Amor pela Natureza que traz o entendimento de que entre ela e eu não existe separação.
Aquele mesmo Amor que me ensina a respirar de maneira a nutrir todas as células do meu corpo na dança maravilhosa da inspiração e expiração. Que me faz entender que o mesmo sangue que corre pelas minhas veias, pode ser também toda a água que cai do céu em dia de temporal. Que o vento que sopra e balança os galhos das árvores e muda de lugar centenas de folhas caídas no chão durante o outono é o mesmo que empurra o alimento que tem que ser expelido do meu corpo me mantendo saudável e viva. Que todas as raízes de plantas e árvores, são como os meus ossos e músculos que me fazem caminhar e me sustentam. E que o calor do sol que tanto me aquece quanto me dá vida também é o calor que o meu corpo utiliza para digerir e transformar tudo aquilo que eu como. Afinal, como sabiamente aprendi nas minhas aulas sobre o Ayurveda, a gente é aquilo que consegue digerir.
Entre a vida e a morte o amor está no meio.
Ele sempre esteve no meio.
Pois esse meio é a vida que a gente escolhe viver.
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Meu curso : Criatividade & Autocuidado